Da enxada ao ChatGPT: A Viagem até à Era da Imaginação

Este artigo traça um percurso pela história das grandes revoluções da humanidade, destacando como o ritmo da mudança tem acelerado exponencialmente até à atual Revolução da Inteligência Artificial. Defende que vivemos agora na "Era da Imaginação", um tempo em que a principal contribuição humana não é a execução, mas sim a conceção de ideias, sonhos e visões, deixando para a IA a tarefa de os transformar em criações concretas.
Recorrendo a experiências pessoais com "Vibe Coding" para desenvolver software e ao uso de agentes de IA para gerir tarefas complexas como campanhas de marketing, o text
Olá! 👋 Chamo-me Rodrigo, acabei agora o secundário e estou prestes a entrar na faculdade.
Como qualquer pessoa da minha idade, olho para o futuro com uma mistura de entusiasmo e, bora ser honesto, um bocadinho de vertigem.
E o grande "culpado" desta montanha-russa de emoções é a Inteligência Artificial.
Mas para percebermos o quão gigante é a onda que estamos a surfar, acho que vale a pena olhar para trás e ver as outras "ondas" que trouxeram a humanidade até aqui.
As Revoluções Que Nos Fizeram Chegar ao Futuro
Desde que o primeiro Homo sapiens decidiu que era mais fixe plantar o jantar do que andar a correr atrás dele, a nossa história tem sido uma sucessão de revoluções. Cada uma mudou tudo.
- Revolução Agrícola (c. 10.000 a.C.): Deixámos de ser nómadas e passámos a ter morada fixa. Começaram a surgir aldeias, a população cresceu e, pela primeira vez, alguém disse: "Esta terra é minha".
- Revolução do Bronze e Ferro (c. 3.300 a.C.): Descobrimos os metais e, com eles, ferramentas e armas mais potentes. O comércio explodiu e as guerras ficaram mais "profissionais".
- Revolução Científica (séc. XV–XVII): Tipos como Copérnico, Galileu e Newton deram-nos um novo par de óculos para ver o universo. De repente, a Terra não era o centro de tudo. Que choque!
- Revolução Comercial (séc. XV–XVIII): Os nossos tugas foram mestres nisto! As caravelas uniram o mundo, criando o primeiro mercado global.
- Revolução Industrial (séc. XVIII–XIX): A máquina a vapor mudou as regras do jogo. As cidades encheram-se de gente e chaminés.
- Revolução Científico-Tecnológica (c. 1870–1914): Eletricidade, aço, telefone... O mundo ficou mais rápido, mais iluminado e mais barulhento.
- Revolução Digital (desde 1970): A geração dos meus pais. Computadores, a internet e a capacidade de mandar um "meme" para o outro lado do planeta em segundos.
- Revolução da Inteligência Artificial (Agora!): E chegámos aqui. Robôs que pensam, programas que escrevem poesia e assistentes que aprendem.
O mais alucinante nisto tudo? A velocidade.
Se repararem, o tempo entre cada revolução é cada vez mais curto. É uma aceleração exponencial!
Bem-vindos à Era da Imaginação
Com o lançamento do ChatGPT, sinto que não entrámos apenas numa nova revolução tecnológica. Entrámos na Era da Imaginação.
Porquê? Porque as IAs de hoje são ferramentas de transformação incríveis. Dás-lhes um prompt (um pedido, uma ideia) e elas transformam-no em texto, voz, imagem ou até vídeo.
Mas há um senão: a faísca inicial, a ideia, o sonho... isso ainda tem de vir de um humano. O nosso principal papel passou a ser imaginar.
"Vibe Coding": Programar com a Alma (e com a IA)
Uma das áreas que está a levar uma reviravolta monumental é uma que nem tem 30 anos: a informática.
Este projeto é a prova viva disso mesmo. Para construir o Mythoria, posso dizer que 90% do código da app e todo o backend foram feitos com o que um dos conceitos mais badalados nos últimos meses, chamado de "Vibe Coding".
Basicamente, é programar em conversa com um agente de IA, como o Github Copilot Agent. Usei principalmente os modelos Claude 4 Sonnet e, para os problemas mais cabeludos, o Claude 4 Opus.
Tarefas que antes exigiam um conhecimento profundo e semanas de trabalho, hoje resolvem-se com um simples pedido, que até pode ser feito por voz. É quase como ter um programador sénior ao meu lado, 24/7.
💡 Dica: A IA funciona melhor com linguagens e bibliotecas populares (como Python com Django ou JavaScript com React), porque tem mais exemplos para aprender.
Nem Tudo é um Mar de Rosas 🌹
Ainda não chegámos ao ponto de "deseja e terás".
Se não fosse a ajuda do meu pai, que tem mais experiência nisto, a arquitetura da aplicação não seria tão robusta e escalável. Ele ensinou-me a importância de boas práticas.
Por exemplo:
- Ter boa documentação no projeto ajuda imenso a IA a perceber o código. E podemos usar a própria IA para gerar a base dessa documentação.
- Testes automáticos são essenciais para garantir que tudo funciona — e a IA é uma ajuda incrível para os criar.
No fim do dia, no Vibe Coding, a parte mais crucial continua a ser a mesma de sempre: saber exatamente o que queremos fazer. Mas até para isso eu uso a IA: passo horas a "discutir" ideias, conceitos e tendências com o ChatGPT.
Foi assim que aprendi sobre:
- Criar personagens
- Paginar livros
- Desenhar planos de negócio e marketing
Como a IA Vai Mudar as Empresas?
Com as evoluções mais recentes, como o GPT-5 e a ideia de "agentes" de IA, estamos a começar a delegar tarefas cada vez mais complexas. Já não é só pedir para escrever um email — é pedir para gerir uma campanha de marketing.
Por exemplo, tenho usado um protótipo do ChatGPT Agent para gerir os meus anúncios no Google Ads. Ele faz-me perguntas, eu dou-lhe as diretrizes, e ele acede à minha conta para criar e otimizar as campanhas. A interação humana ainda é precisa, mas cada vez menos.
🎥 E depois há o vídeo. Fico de queixo caído com o que ferramentas como o Google Veo 3 conseguem fazer. Tive a ideia de criar anúncios para o Mythoria com figuras como Camões, Cervantes ou Shakespeare, em cenários antigos, a usarem a app para escrever as suas obras-primas.
Para um miúdo de 18 anos com um orçamento que é basicamente a minha semanada, isto seria absolutamente impossível sem IA. (Mesmo assim, já queimei os meus créditos todos do Google Veo e mais alguns! 😅)
“Empresas de uma pessoa”? Utopia ou 2026?
Há quem aposte que, com agentes e automação, veremos unicórnios de uma pessoa. Eu adoro a ideia (quem não?), mas também me pergunto pelo:
- Custo social
- Limites práticos (regulação, confiança, qualidade)
O debate está ao rubro — e só isso já nos obriga a pensar melhor o que queremos construir.
E Agora?
Estou a dias de entrar na faculdade. O plano é tirar um curso de Engenharia.
Mas, honestamente, com a velocidade a que tudo está a mudar, às vezes pergunto-me:
Como será o mundo e o mercado de trabalho daqui a 5 anos, quando eu, previsivelmente, acabar o curso?
Não tenho a resposta. Se calhar, ninguém tem. Mas uma coisa é certa: vai ser uma viagem e tanto. E eu mal posso esperar por ela.